Rainha das Cirandas, Janaina Silva, pede para autoridades não abandonarem o folclore
Cirandeira pede para autoridades implementarem medidas destinadas a fortalecer as ações sociais promovidas pelos grupos folclóricos
Cultura | 29/09/2021 - 10:05
Foto: Cirandas de Manaus
Janaina Silva
Cirandeira pede para autoridades implementarem medidas destinadas a fortalecer as ações sociais promovidas pelos grupos folclóricos
Por Warnoldo Maia de Freitas
Janaina Silva. Este é o nome da nova Rainha das Rainhas das Cirandas 2021, eleita no concurso realizado pela Ciranda Sensação da Raiz, no sábado, 25/09, na chamada Noite das Glamurosas, que contou com a participação de outras cinco candidatas e iluminou à noite naquela parte da cidade.
Feliz com a vitória, que representou "a conquista de um grande objetivo", Janaina pede para as autoridades não deixarem o folclore de lado e somarem esforços na implementação de medidas destinadas a fortalecer as ações sociais desenvolvidas pelos grupos folclóricos de Manaus.
"As nossas autoridades precisam entender que os nossos grupos folclóricos agregam muitas famílias, geram muita ocupação econômica e renda para muita gente, e também proporcionam uma ocupação sadia para a molecada, que se não estivesse dançando, poderia estar praticando coisa errada", afirmou.
Segundo ela, uma medida "simples, mas de grande importância para a maioria dos grupos folclóricos da cidade seria, por exemplo, liberar as quadras das escolas para os ensaios desses grupos", porque, atualmente, muitos improvisam os seus trabalhos de preparação no meio da rua.
"Acredito que com um pouco de boa vontade é possível mudar muita coisa e ajudar os nossos grupos folclóricos", observou.
Quem é Janaina?
Parafraseando o poeta, Janaina Silva, de 32 anos (foto acima), "tem lábios vermelhos e por entre eles irradiam ondas de luz, tem um sorriso ébrio (constante, arrebatador) estampado no rosto, pele morena brilhando na luz", estuda Educação Física na Unip, dança há mais de 15 anos e sua grande paixão é dançar ciranda.
Definida pelos amigos como uma mulher que "gosta da suavidade dos gestos simples, da leveza dos risos soltos e da delicadeza que almas bonitas trazem", Janaina confessa que é um privilégio ser, agora, a Rainha das Rainhas das Cirandas.
"Como cirandeira raiz, das antigas (risos), sinto-me muito feliz por essa conquista. Essa faixa tem um peso muito forte e muito especial para mim, pois demostra que todo o meu esforço valeu muito a pena, pois concorri com meninas lindas e que dançam muito. Portanto, foi um enorme prazer participar deste concurso e, claro, ganhar o título e conseguir, assim, deixar meu nome marcado no movimento folclórico da minha cidade querida, que é Manaus", afirma.
Com o sorriso estampado no rosto, Janaina revela que começou a dançar na Ciranda Encanto Cirandeiro, no Bairro de São Lázaro. Depois migrou para outras cirandas, mas, acabou retornando, porque "é muito grande o amor pela minha ciranda", onde ocupa, atualmente o cobiçado lugar de Puxadora da dança.
Preparação
Convidada pelo folclorista e professor Richardson Franco, que também é "um cirandeiro das antigas e dança há mais de 30 anos", Janaina Silva resolveu encarar o desafio de representar o grupo Cirandeiros Veterenos, comandado pelo professor.
"Tive um ótimo preparo. Meu coach foi o maravilhoso veterano em cirandas Eron de Sá, que elaborou as coreografias tradicionais e simples, para a apresentação de uma cirandeira raiz, que sou, e me deu muitas dicas para o desfile. Também tive a ajuda do artista e estilista Cleumar Ferreira, que é um ARRASO, e fez a indumentária linda em seu Ateliêr. Também não posso deixar de agradecer ao apoio do querido presidente da minha ciranda, Márcio Miquiles, bem como da minha querida e amada torcida, além das motivações do meu cordão", explica.
Dançando ciranda há mais de 15 anos, Janaina revela que a receita para o sucesso passa, necessariamente, por "você querer muito e dedicar-se incansavel" ao seu obetivo.
"A receita é simples. Além da dedicação integral, você precisa contar, também, com o apoio das pessoas que confiam em seu potencial. Dessa forma, tudo fica maravilhoso. Eu, por exemplo, tenho uma vida bem corrida, mas, com um pouco de organização e muito amor ao que se faz a gente dá um jeitinho pra tudo sair como o planejado", garante.
Janaina revela, ainda, que pretende usar o seu "reinado" para trabalhar pelo fortalecimento do folclore amazonense, bem como influenciar a todos que admiram e gostam de ciranda a participar dos grupos e dos eventos.
"Vamos procurar nos dedicar a um trabalho voltado para a valorização da nossa cultura, do nosso folclore, somando esforços com todos aqueles que têm compromisso com a promoção da alegria e integração dos nossos jovens a atividades sadia em todas as zonas da nossa cidade", revela.
Ela ressalta, ainda, que Manaus é uma "cidade abençoada", que conta com vários grupos folclóricos, que desdobram-se para promover a cultura local, muitas vezes sem o apoio necessário das autoridades.
"O Amazonas é rico em cultura. Além de cirandas temos boi, cangaços, quadrilhas e precisamos de mais apoio das secretárias de cultura para voltarmos a ter um festival digno de levar grandes plateias como antes. Apesar de hoje termos o Centro Cultural dos Povos da Amazônia, o noso festival acabou ficando sem paradeiro e muito vulnerável. Esse grande festival precisa ser levado a sério e organizado sempre em junho, como era antigamente, porque hoje está sem rumo. Tem ano que o festival é feito em junho, julho, agosto, setembro, outubro. Faltam políticas públicas que nos abarquem e nos deixem mais seguros sobre nossos festivais", disse ela.
Portais
Janaina afirma que atualmente os portais e sites de notícias são os grandes aliados dos grupos folclóricos, porque ajudam a divulgar as promoções que buscam recursos para reforçar e elevar o nível da cultura amazonense.
"Os portais e sites de notícias prestam um relevante serviço aos nossos grupos folclóricos, que não têm espaço nos grandes veículos. Eles divulgam nossos eventos, com fotos, vídeos e transmissões ao vivo, mostrando nossa cultura para Amazonas e para o Brasil. Somos gratos por eles existirem, porque eles ajudam muitas pessoas a acompanhar as atividades das suas danças preferidas", ressalta.
